O pretendido durante o tempo de observação na saída de campo de 18 de abril de 2025, sexta-feira, entre as 17:30 e as 19:15, foi o de encontrar indivíduos em momentos de convívio nos espaços públicos, como largos, ruas, bancos, e espaços privados que se destinam ao convívio, como cafés, bares, entre outros. O objetivo destas observações é compreender em que tipo de espaços as diferentes populações, que são parte do bairro da Mouraria, o utilizam, e mais tarde tentar compreender o porquê das diferenças encontradas.
O percurso seguiu várias ruas do bairro lisboeta, passando por largos e ruas com vários cafés e lojas, sendo mais propensas à vida social e coletiva das pessoas que vivem no bairro, ou que por ele passam. É importante notar que o dia em questão era feriado (Sexta-feira Santa) e que se encontrava em período de férias escolares.

Com esta observação, podemos começar a compreender melhor o tipo de utilização dos espaços mais utilizados para convívio nos espaços públicos da Mouraria. Utilizando a amostra, que apenas corresponde a uma altura do dia e a um dia específicos, conseguimos identificar alguns padrões entre os grupos populacionais existentes no bairro.
Primeiro, que é clara a existência de 3 grupos populacionais distintos, e que têm entre si muito poucas interações sociais de convívio. Esses 3 grupos são identificados e caracterizados como: turistas de diferentes nacionalidades; pessoas portuguesas; pessoas sul-asiáticas. Foi possível encontrar uma grande concentração de turistas na Rua e no Largo de S. Cristóvão, onde utilizavam os equipamentos públicos (bancos). Observou-se ainda uma grande concentração de turistas de nacionalidade não portuguesa no “Union Empanadas”, para além disso, o estabelecimento “Catedrais Tapas Bar”, imediatamente ao lado do primeiro, estava frequentado, no exterior, apenas por portugueses, contrastando de forma muito clara as duas populações. Foi ainda interessante encontrar um grupo de turistas na “Leitaria Brilhante”, por ser um espaço mais tradicionalmente português.
Os portugueses, residentes, ou não, observados na Mouraria, encontravam-se principalmente a conviver em cafés, em grupos apenas constituídos por portugueses. Observamos que se concentravam em cafés mais “tradicionais” e que utilizavam as suas mesas, consumindo nos mesmos.
Os grupos e indivíduos sul-asiáticos que observamos encontravam-se a conviver em dois tipos de espaços. Ou em minimercados, muitas vezes associados como sendo propriedade deste grupo de sujeitos, como o “Ali Minimercado & Doner Kebab House”, ou em espaços abertos, muitas vezes estando de pé. Estes sujeitos não foram observados em cafés nem estabelecimentos, seja a consumir ou apenas sentados.
Grupo de turistas junto à “A Tasquinha Canto do Fado”, rua S. Cristóvão, 33-35 Grupo de portugueses na esplanada do “Catedrais Tapas Bar”, na rua S. Cristóvão, 23 Grupo de turistas italianos(?) no banco na rua S. Cristóvão, na lateral da Igreja de S. Cristóvão e S. Lourenço Indivíduos a conversar no interior do “Ali Minimercado & Doner Kebab House”, no largo de S. Cristóvão Vários turistas nas Escadinhas de S. Cristóvão Grupo de turistas sentados a conversar na “Leitaria Brilhante”, nas Escadinhas de S. Cristóvão
Grupo de turistas (família?) no banco no Largo S. Cristóvão Turistas de várias nacionalidades na esplanada do “Union Empadas”, na R. S. Cristóvão, 27 Dois homens a conversar na soleira de uma porta no Largo da Achada Grupo de portugueses junto a uma loja a conversar no Largo do Terreirinho Grupo de homens de origem sul-asiática (?) a conversar no Largo do Terreirinho Vários indivíduos portugueses sentados em mesas do “Café Parreirinha” na Rua da Guia
Grupo de homens de origem sul-asiática (?) a conversar na
R. da GuiaGrupo de crianças a brincar e falar português no Beco do Jardim Grupo de homens sul-asiáticos a conversar nos bancos do Largo da Severa Dois homens sul-asiáticos a conversar na R. do Capelão Grupo de portugueses a
conviver no interior do café “Os amigos da Severa”, na R. do CapelãoDuas mães de origem sul-asiática com os filhos a brincar no parque infantil da R. do Capelão
Com isto, pretendemos continuar a observar os espaços públicos de convívio da Mouraria, de modo a compreender como as populações interagem e convivem entre si. Devem ser efetuadas observações em horários e dias da semana diferentes, para conseguir obter uma imagem mais abrangente da situação em estudo. Para além disto, iremos realizar inquéritos aos proprietários e funcionários dos cafés e estabelecimentos do Bairro da Mouraria de forma a compreender mais aprofundadamente a sua utilização.
Iremos ainda realizar os inquéritos anteriormente propostos a pessoas que trabalhem em associações culturais e recreativas na Mouraria, de forma a compreender como são frequentadas as atividades que realizam e se tentam promover, de forma ativa, a interação entre os diferentes grupos sociais de existem no bairro, durante a observação conseguimos falar com uma pessoa pertencente à “Casa da Achada – Centro Mário Dionísio”, e com quem iremos ter mais contacto futuro.
Artigo da autoria de Simão Abreu, aluno da Licenciatura em Ciência Política e Relações Internacionais.