Miradas sobre la ciudad #6

6/07/2024

No sábado, os alunos continuaram a realizar o trabalho de campo nos diferentes largos e apresentaram, em grupo, as conclusões obtidas depois da primeira semana do programa “Erasmus+ BIP Miradas sobre la ciudad”. Foram também partilhados alguns mapas mentais, desenhos e esquemas elaborados pelos membros da equipa.

Miradas sobre la ciudad #5

5/07/2024

Na sexta-feira, no Centro de Inovação da Mouraria, os cinco grupos realizaram apresentações, no âmbito de dois exercícios lançados no dia anterior. O primeiro consistia em associar vivências e memórias pessoais aos largos e o segundo correspondia a uma actividade colectiva através da qual o grupo deveria imaginar que palavras ou expressões o largo diria se falasse. Durante as apresentações, os alunos partilharam os textos elaborados em grupo, dando origem a reflexões sobre a identidade e o quotidiano nos vários espaços da Mouraria.

Depois de almoço, foi realizada uma visita-guiada à Casa-Museu Fernando Maurício, um projecto da Junta de Freguesia de Santa Maria Maior que pretende homenagear a vida e obra do fadista. A visita a este equipamento cultural foi imprescindível para dar a conhecer à equipa esta figura que integra uma parte importante da identidade da Mouraria.

Ainda neste dia, houve jantar na Casa de Fados, Maria da Mouraria, onde toda a equipa teve a oportunidade de vivenciar este ambiente tipicamente lisboeta, num dos bairros considerado um dos berços do Fado.

Miradas sobre la ciudad #4

4/07/2024

Neste dia, foram lançados vários desafios, que consistiram em exercícios de desenho a partir da observação de diferentes elementos que identificassem território da Mouraria. Ao longo do dia, foi solicitado aos alunos que desenhassem a partir de sensações, de formas que observassem, de sons e ruídos, de problemas que analisassem, entre outras ideias. Estes exercícios, que tomaram lugar em diferentes locais do bairro, contribuíram para uma nova percepção do espaço de estudo, sendo estimulada a reflexão sobre vários aspectos através do desenho. A actividade foi dirigida pelo arquitecto Roberto Goycoolea da Universidad de Alcalá.

Já à tarde, na Ordem dos Arquitectos, foi realizada o segundo dia do Ciclo de Conferências “Diálogos Urbanos: Colaboração Interdisciplinar para Centros Históricos Sustentáveis” onde o tema central foi o “Urbanismo e Comunidades” onde participaram as arquitectas Paz Nuñez (UAH) e Patrícia Santos Pedrosa (UBI) e o arquitecto Rui Florentino (UPT), com moderação da arquitecta Monica Alcindor (UPT) e que decorreu no Auditório Nuno Teotónio Pereira da sede da Ordem dos Arquitectos, em Lisboa. 

Programa “Urbanismo e Comunidades”:

Paz Núñez (Universidad de Alcalá), La ciudad invisible: factores físicos, sociales, personales

Patrícia Santos Pedrosa (Universidade da Beira Interior), Cities, women’s rights and changing strategies. Reflections on political space and everyday life

Rui Florentino (Universidade Portucalense), MetroPoLis: Housing and Tourism 

Moderação: Monica Alcindor (Universidade Portucalense)

Miradas sobre la ciudad #2

2/07/2024

O segundo dia do programa “Erasmus+ BIP Miradas sobre la ciudad” em Lisboa  começou com a formação dos grupos e com a seleção por parte dos mesmos, dos largos que iriam explorar ao longo das duas semanas do programa. Com os grupos formados, os alunos iniciaram o trabalho de campo, dando os primeiros passos no que toca ao reconhecimento do espaço e à sua observação e identificação dos seus elementos.

Pela parte da tarde, a equipa deslocou-se até ao Arquivo Fotográfico, integrado no Arquivo Municipal de Lisboa para pesquisar recursos fotográficos relacionados com os largos em estudo, de modo a adquirir mais conhecimento sobre os mesmos. De seguida, já no Centro de Inovação da Mouraria, as equipas de trabalho realizaram uma breve apresentação em que expuseram as suas considerações iniciais sobre os largos escolhidos, assim como alguns suportes gráficos reunidos ao longo do dia.

Miradas sobre la ciudad #1

1/07/2024

O primeiro dia de trabalho presencial do programa “Erasmus+ BIP Miradas sobre la ciudad” começou, no passado dia 1 de julho, na Praça do Martim Moniz, em frente à Capela de Nossa Senhora da Saúde, momento em que foram apresentados os membros da equipa.

Encontro do grupo em frente à Capela de Nossa Senhora da Saúde, na Praça do Martim Moniz.

Partiu-se, de seguida, para o Centro de Inovação da Mouraria, onde se discutiram os detalhes do plano de actividades das duas semanas seguintes.

Início da sessão de trabalho no CIM – Centro de Inovação da Mouraria, da CML.

Por volta das onze horas, os alunos participaram num percurso integrado no projecto MIGRANTOUR, um projecto social que, através da dinamização de percursos conduzidos por guias migrantes, pretende fomentar a construção de uma narrativa positiva sobre a migração. A equipa foi dividida em dois grupos, tendo a oportunidade de vivenciar dois percursos diferentes, sendo um orientado por uma guia oriunda do Brasil e o outro por uma guia oriunda do Bangladesh. Ambos os trajectos partiram do Largo de S. Domingos, passando pela praça do Martim Moniz e terminando no Largo da Severa, no entanto, os seus conteúdos abordados foram distintos, dado o contexto específico de cada guia.

Ao longo do percurso, foram apresentados alguns dados da história e da cultura de Lisboa, mais especificamente, da Mouraria, sendo estabelecidas relações com a vivência pessoal das migrantes, de modo a ser fornecida uma perspectiva alternativa às narrativas mais comuns ou tradicionais das rotas pedestres turísticas. [Fig 5]


Fim do Migrantour no Largo da Severa.

Depois de almoço, como forma de apresentar a toda a equipa os locais onde viriam a trabalhar, percorreram-se os cinco largos selecionados como caso de estudo. Durante a tarde, os alunos passaram a conhecer os largos das Olarias, da Severa, da Rosa, dos Trigueiros e da Achada. Seguidamente, formou-se uma breve discussão sobre a formação dos grupos de trabalho, a continuar no dia seguinte.

 

Erasmus+ BIP Miradas sobre la ciudad

Reunião de grupo nas Escadinhas do Marquês de Ponte de Lima.

Reunião de grupo no Largo da Severa.

O programa Erasmus+ BIP Miradas sobre la ciudad já arrancou. Nas próximas duas semanas alunos de diferentes países e disciplinas estarão nos largos da Mouraria a estudar e a reflectir sobre o espaço urbano, seus usos e comunidades.

Os trabalhos pode ser seguidos na conta de instagram de Miradas.

Levantamento dos equipamentos culturais e patrimoniais da Mouraria

Equipamentos culturais mapeados no Google Maps.

https://www.google.com/maps/d/embed?mid=1HPX9E5GRoVmF12q62CxnwgvjRwxFp6E&ehbc=2E312F

Apresentamos um levantamento de equipamentos e edifícios de interesse patrimonial, património religioso (capelas e igrejas), equipamentos culturais, centros culturais, intervenções de arte urbana e largos do bairro, no território da Mouraria. O mapeamento tem como principal objectivo o de facilitar a visualização da oferta cultural do bairro, que nos permitiu compreender que existe, na Mouraria, a ausência de um museu que se encontre
actualmente aberto ao público e que invoque noções representativas e identitárias do
bairro.

Por Joana Semedo, aluna do Mestrado em Museologia.

“Mouraria” playlist

O legado do Fado na Mouraria.

Para acompanhar o trabalho de campo do grupo de alunos que integram o “Erasmus+ BIP – Miradas sobre la Ciudad”, compilámos alguns exemplos de cultura musical lisboeta e portuguesa. Pretendemos que seja uma lista de músicas que remeta para os temas da “Miradas sobre la ciudad”, da cidade contemporânea, com as narrativas que a acompanham, e com o bairro da Mouraria.

Por Joana Semedo, aluna do Mestrado em Museologia

Playlist de músicas relacionadas com o bairro da Mouraria.

Mapeando o passado com SIG: Cartografia histórica da Mouraria nos séculos XVIII e XIX

A cidade é um organismo vivo e em constante transformação, que reflete mudanças sociais, econômicas e culturais ao longo do tempo. Pensar a cidade, especialmente bairros históricos como a Mouraria, em Lisboa, requer necessariamente compreensão de sua evolução. A análise da cartografia histórica torna-se uma ferramenta indispensável nesse processo, revelando a natureza das dinâmicas paisagísticas urbanas. Há casos em que determinados traços urbanos persistem mesmo após séculos, demonstrando tendências de resistência arquitetônica, e noutros, há momentos disruptivos que rompem completamente uma lógica urbana anterior. Esses fenômenos são apenas alguns dos marcos mais visíveis, que pontuam a vida intensa de um núcleo urbano.

As cidades, como centros de convivência humana, acumulam camadas de história que se sobrepõem e interagem. Compreender essas camadas é crucial para planejar o futuro de maneira informada e sensível ao patrimônio cultural. Pensar a cidade ao longo do tempo não é apenas um exercício acadêmico, mas uma necessidade prática para a preservação da identidade urbana e para a criação de espaços que respeitem suas origens enquanto atendem às demandas contemporâneas. A Mouraria, um dos bairros mais antigos de Lisboa, objeto de estudo do projeto, é enxergada aqui como um microcosmo das dinâmicas urbanas de longa duração. Fundada há séculos, o bairro tem sido palco de inúmeras transformações, desde suas origens como reduto mouro até seu papel atual como um vibrante centro multicultural. Cada fase de sua história deixou marcas indeléveis em sua estrutura urbana, muitas das quais são documentadas em cartas cartográficas ao longo dos séculos.

A análise de cartas históricas da Mouraria, como as de João Nunes Tinoco (1650), Carlos Mardel (1756), a Planta Topográfica de 1780, de Duque Wellington (1812), e outras do século XIX, oferece uma visão detalhada de sua evolução. Essas cartas não são meramente registros gráficos; são narrativas visuais que contam a história do desenvolvimento urbano, das mudanças infraestruturais e das adaptações sociais e econômicas. Ao estudar essas cartas, é possível identificar elementos urbanos que persistem ao longo dos séculos. Por exemplo, certos traçados viários e estruturas principais permanecem reconhecíveis, mostrando uma continuidade que resiste às mudanças superficiais. Esses traços persistentes são fundamentais para a identidade do bairro, proporcionando um senso de continuidade e pertencimento para seus moradores. Por outro lado, as transformações documentadas nas cartas revelam as adaptações necessárias para responder às novas necessidades. A reconstrução após o terramoto de 1755, as modernizações infraestruturais do século XIX, e outras intervenções refletem a capacidade da cidade de se reinventar, mantendo-se funcional e relevante para seus habitantes.

 

A análise da cartografia histórica da Mouraria não é apenas um olhar para o passado, mas uma ferramenta para planejar o futuro. Entender as raízes e os traços persistentes da cidade permite uma abordagem mais informada e respeitosa no desenvolvimento urbano. Preservar esses elementos enquanto se adapta às necessidades contemporâneas é um desafio que exige sensibilidade e visão estratégica. Pensar a cidade ao longo do tempo, especialmente em contextos históricos como o da Mouraria, é essencial para a preservação de sua identidade e para o planejamento urbano sustentável. A cartografia histórica oferece uma janela para o passado, revelando tanto a continuidade quanto a transformação que moldam o tecido urbano. Ao compreender a integração dessas análises no planejamento urbano, podemos criar cidades que honrem suas histórias enquanto abraçam o futuro, respeitando as formas de ser e estar daqueles que vivem e daqueles que sedimentaram esses espaços.

Por Raphael Corrêa, aluno da Licenciatura em Arqueologia.

Diário de Campo, 6/05/2024

Mapa do percurso realizado no bairro da Mouraria.

O objectivo do percurso foi o de fazer uma prospecção aos largos que serão estudados no Erasmus+. Seguem algumas observações:

Largo da Rosa (1º do percurso): Pequenas dimensões, relativamente calmo mas movimento basicamente turístico, barulho de obra, visibilidade reduzida ao próprio largo e seu envolto; na hora que visitámos havia poucas pessoas não-turistas, mas em geral, a percepção que se tem é que ali acaba por ser um refúgio ao sol e um respiro entre escadarias, ou seja, não parece ser um local turístico por si, mas o fluxo é turístico, num esquema de local de passagem e descanso.

Largo dos Trigueiros (2º): é uma laje entre escadarias abraçada pela restauração; movimento turístico e de consumo, barulhento, visibilidade ao largo e envolto, mas também com vista mais aberta na descida pela escadaria; compreende uma fonte desativada.

Largo de São Cristóvão (3º): muito fluxo de turistas, tanto como local de passagem, como de permanência/descanso, dado o comércio e restauração claramente voltados a esse público; largo menos “recintado” (mais aberto e mais “privilegiador” de fluxo contínuo), inclusive com fluxo de carros; bastante barulhento; tem a igreja como grande elemento de referência, mas também o palácio.

Largo da Achada (4º): vazio, declive desconfortável, não tem grandes zonas de sombra; acaba por ser uma grande escadaria/laje pouco centralizadora, digamos assim.

Todos os largos têm placas do circuito interpretativo histórico. Têm potencialidade enquanto objetos de estudo no âmbito do Erasmus+ e encontram-se próximos uns dos outros.

Por Raphael Corrêa, aluno da Licenciatura em Arqueologia.