Mouraria na Maquete de Lisboa antes de 1755

Bairro da Mouraria na Maquete de Lisboa antes de 1755, patente no Museu de Lisboa – Palácio Pimenta.

Ao longo dos séculos, a Mouraria apresentou diferentes configurações, passando por diversos processos de evolução tanto ao nível urbanístico e arquitectónico, como cultural e socialmente. O terramoto de 1755 marcou um dos períodos de maior transformação da cidade devido à destruição causada e também ao planeamento urbano pombalino delineado após o mesmo.

Na emblemática Maquete de Lisboa antes de 1755, idealizada pelo historiador e olisipógrafo, Gustavo de Matos Sequeira, que se encontra no Palácio Pimenta (Museu de Lisboa), podemos encontrar ilustrada a Mouraria anterior ao Terramoto. Esta maquete foi realizada em duas fases, entre 1945 e 1959, por Ticiano Violante e Martins Barata, tendo sido exposta em 1982 no espaço onde ainda hoje se encontra e corresponde, não apenas a um importante documento que nos permite compreender a cidade anterior a 1755, mas também a um testemunho histórico dos estudos olisiponenses que se estavam a desenvolver no período da realização da maquete. 

Apesar de não cumprir uma exatidão completamente rigorosa, nesta concepção daquilo que seria a Lisboa desse período, é interessante observar a Mouraria neste contexto pré-terramoto e procurar compreender o que o caracterizava à altura e também o que persiste no bairro actualmente. Verifica-se então um alargamento das ruas, necessários para permitir melhores condições de acesso e circulação, assim como uma nova organização da malha urbana, que se projectou com maior uniformidade em relação ao anterior ordenamento. 

Olhando para a encosta do Castelo de São Jorge, será relevante ressaltar a ausência de edificações ao seu redor, em contraste com a restante malha que constitui o bairro, atribuindo um maior destaque à estrutura arquitectónica militar que se desenvolve a partir da alcáçova. 

Já no local que hoje corresponde à Praça do Martim Moniz, conseguimos observar a torre que integrava a Muralha Fernandina edificada no século XVI, que actualmente se mantém visível a partir da praça e que se encontra, tal como representada na maquete, ladeada por edifícios. 

Apesar das várias transformações por que passou, a Mouraria apresenta ainda evidentes traços da Lisboa pré-pombalina e pré-terramoto que fazem deste um singular bairro histórico.

Por Joana Semedo, aluna do Mestrado em Museologia